BAURU E A ECONOMIA CRIATIVA

20/08/2010 08:18

 

  Por Fabio Pallotta

 

A partir da segunda metade do século XX, devido ao fim da Guerra Fria e aos avanços nos meios de comunicação, via tecnologia, entramos em um novo período da economia onde o que importa não é a produção, mas o uso  da tecnologia, a pouca utilização da mão de obra humana e o consumo exacerbado, compulsivo. Essa nova economia fez e faz milhares de pessoas perderem empregos industriais, que são substituídos em menor número pela prestação de serviços e outras atividades.

Dentro desse quadro outras atividades começaram a despertar o interesse dos economistas como a cultura em geral (teatro, música, dança etc.), moda, produção de games, design, software, livros, artes circenses, museus para substituir os postos de trabalho industriais perdidos.

No Reino Unido já existe o ministério da Economia Criativa e, aqui no Brasil, o ex-diplomata, ex-ministro e atual reitor da Faculdade de Administração e Economia da FAAP, Rubens Ricupero criou a cátedra da nova atividade para não defasar os estudos de seus alunos.

 Bauru dentro desse quadro sofre da mesma miopia do nosso país se preocupando apenas com a geração de empregos industriais, que são necessários, mas nem sequer pensando nesse novo desafio.

Nossos políticos de todos os matizes, nossas lideranças empresarias, nossa intelectualidade, até nossa polícia deveria estar voltada para essa nova economia, essa nova realidade que vai gestar um novo tipo de trabalhador, mais ligado ao local e ao global, mais educado, mais criativo, enfim um ser humano mais “Antenado” consigo mesmo e com o outro.

Apesar dessa “defasagem de demandas” Bauru está relativamente bem no aspecto material, físico para dar esse passo importante na sua história e economia, pois temos vários cursos da UNESP, em que seus alunos são  premiados nacional e internacionalmente em design de forma reiterada, temos um remanescente de Cerradão e um belíssimo Horto Florestal que podem ser atrativos no turismo ecológico e uma herança arquitetônica ferroviária que a partir do momento em que estiver operante será referência no turismo nacional e internacional. Já está em movimento, necessitando de auxílio e envolvimento político e empresarial a criação do MUSEU DO TREM, nas antigas oficinas da Noroeste do Brasil. Será referência nacional e internacional em turismo ferroviário.

Devemos ser ousados, buscar parcerias, montar projetos, pedir a participação da nossa classe empresarial, política, intelectual acima das vontades pessoais para desenvolver essa Economia Criativa tão necessária.

Devemos seguir o exemplo da cidade de Brumadinho-MG que de pequena cidade do interior passou a ser referência mundial em Arte Contemporânea a partir do momento em que o empresário Bernardo Paz criou o maior museu a céu aberto de Arte Contemporânea do mundo, atraindo milhares de turistas e se preparando para atrair outras milhares de pessoas envolvidas com as artes, produção cultural, turismo etc.

A cidade já planeja construir um hotel, um clube, uma faculdade e um aeroporto (O efeito Brumadinho, Cotidiano, C8, Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein) para desenvolver essa nova “vocação”  municipal.

Bauru com seus recursos naturais, arquitetônicos, educacionais deveria seguir esse exemplo e desafio do futuro.

A sorte está lançada. Quem dará o primeiro passo concreto?